OBSERVADOR – Pocay, essa frase sua repercutiu muito na região. O que você quis dizer com ela?
Lucas Pocay – Essa frase nasce da vida real. Quem mora em Ourinhos, Marília, Assis, Bauru, Avaré e em tantas cidades daqui sabe o quanto o interior trabalha, produz e paga imposto. Mas, na hora das grandes decisões, muitas vezes a gente só assiste. Eu acredito que o interior não pode ser convidado apenas pra aplaudir, tem que estar na mesa onde as coisas são definidas, ajudando a apontar o caminho e sendo ouvido de verdade.
OBSERVADOR – Onde você enxerga, hoje, essa falta de voz do interior?
Lucas Pocay – Ela aparece na rotina das pessoas. Na família que precisa viajar quilômetros pra fazer exame, no jovem que atravessa cidade todo dia pra não abandonar a faculdade, no produtor que vê o custo da estrada e do pedágio subir. As decisões saem de gabinetes longe daqui, mas quem sente o peso é quem pega ônibus, quem enche o tanque, quem depende da rodovia pra sobreviver. Quando o interior não é ouvido, a conta sempre cai no colo de quem menos pode pagar.
OBSERVADOR – Apesar disso, você fala com muito tom de esperança. De onde vem essa esperança?
Lucas Pocay – Vem da força das nossas cidades. Eu conheço o potencial de Ourinhos, Marília, Assis, Bauru, Avaré e de toda a região. A gente tem trabalho, tem gente criativa, tem juventude, tem agro forte, tem indústria, tem comércio. Quando o interior toma consciência dessa força, ele para de aceitar qualquer coisa. A esperança está justamente aí: saber que a gente não nasceu pra ser “resto do mapa”, nasceu pra ser parte da decisão.
OBSERVADOR – Que mensagem você deixaria hoje pra quem mora na região e se sente esquecido?
Lucas Pocay – Eu diria: o interior não quer privilégio, quer respeito. Quer ser ouvido quando o assunto é pedágio, saúde, educação, emprego e desenvolvimento. A sua cidade, a sua história e a sua realidade importam, e precisam estar no centro da conversa, não na margem. Enquanto eu tiver voz, vou repetir isso: o interior não foi feito pra assistir de longe; foi feito pra sentar à mesa, apontar o caminho e ser respeitado como protagonista.
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